Liliana Alves
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Falando sobre meu processo criativo

Os trabalhos produzidos fazem parte de uma série, onde me aproprio de objetos do cotidiano, banais.... motivos para eu pintar. O que me interessa são as questões da pintura, a linguagem visual. O clima melancólico, afetivo, às vezes até nauseante nasce do próprio processo da pintura.

Sempre vou a lugares repletos de objetos, como ferro velho, brechós... procuro percorrer o olhar desprovido de qualquer julgamento, sem rotular, nomear ou até me projetar nas coisas. Não procuro o que me agrade, mas algo que me surpreenda, algo que seja razão para pintar, que me induza a ver cor, forma, linha.........ao ver o objeto, reter o olhar e filtrar, pensar em tudo que pode ser visto enquanto linguagem visual. Esses objetos saem do mundo utilitário para outro mundo, dou novo roteiro a eles. Ao pintar, vou dando novos significados, agregando novos valores, gerando novos sentidos, descobrindo possibilidades expressivas de que a pintura dispõe.

Todos os dias recebemos uma avalanche de informações e imagens. Tudo muito imediato, tão rápido que estamos perdendo a sensibilidade, a percepção visual natural. Toda arte tem um campo de ação. Ela existe para estruturar nosso modo de nos relacionarmos sensorialmente com mundo.

Há uma inteligência visual, uma faculdade própria da visão que precisa ser trabalhada, que não está ligada ao intelecto, ao conhecimento, mas a algo natural do homem. “Tenho estudado a gramática visual, como uma” musculação” para essa capacidade, um resgate, um reaprender a lidar com os sentidos, no meu caso visual, de maneira mais consciente. Esse esforço de perceber a forma sensível é um exercício diário que tem que ser vivido e experimentado o tempo todo. E nossas experiências, nosso meio, nosso tempo, nossa cultura interferem nesse olhar.

Há pesos em todos os elementos visuais, nas escolhas deles é que vou determinando o sentido, a relação que se estabelece é que vai determinar o significado, como vou me expressar, qual suporte, qual material, como vou manipular minhas ideias, como vou comunicar o que eu quero. Arte é forma com significado. E como vou dar forma para isso? Delacroix disse que, ao desenhar, a primeira coisa que devemos captar é o contraste das linhas principais, seu esqueleto, a configuração das forças visuais, a imagem condutora. E devemos manter isso! Ele está falando de linguagem visual!

Mas cabe ao artista dar o olhar poético, sua capacidade sensível. E acho que da própria linguagem, da própria pintura virá a expressão poética. E quanto mais eu pinto, mais repertório vou gerando!

Pintar é minha filosofia. Organizo em tintas minhas sensações e reflexões!